Franz Schubert (1797-1828)
Quarteto no. 14 em ré menor - "A morte e a donzela" D.810

 

Allegro
Andante con moto
Scherzo: Allegro molto
Presto


É curioso que o opus 127 de Beethoven, composto entre 1822 e 1825, mantenha muitas semelhanças com o quarteto no. 14 de Schubert, de 1824. Houve quem aventasse possíveis influências deste sobre aquele, argumento logo refutado porque a obra de Schubert só foi estreada em 1º de fevereiro de 1826 - e publicada apenas postumamente, em 1832. As afinidades, entretanto, são evidentes. A começar do "Adagio" com variações do opus 127, primo próximo do "Andante con moto" que fez as glórias deste quarteto de Schubert, levando-o a ser modernamente até trilha de cinema e nome de filme. Cada um a seu modo, eles trataram de remexer nas estruturas do paradigma da música de câmara. Era natural que vez por outra determinadas soluções formais se cruzassem.

"A morte e a donzela" nasceu como "lied", composto em 1817 por Schubert sobre poema de Mathias Claudius. Quando reutilizou a melodia da canção como tema do "Andante" com variações do 14º quarteto, Schubert propiciou o apelido à obra e a razão de sua popularidade nestes quase dois séculos. Isso tudo apesar do tom fúnereo e sombrio, da canção e do quarteto como um todo. É impressionante, de fato, o modo como Schubert retrata a história da donzela levada pela morte. Os quatro instrumentos expõem o tema da abertura do "Andante" em acordes (como no "Adagio" do opus 127) e em seguida o primeiro violino desgarra-se, como se assumisse o papel da morte, cavaleiro que leva a galope a donzela para a morte. Espraiam-se, em seguida, as cinco variações.

Depois de um magnífico scherzo construído a partir do motivo do coral inicial do Andante, torna-se impossível deixar de ouvir o "Presto" final, mesmo com seu frenético ritmo de tarantella em ré menor, à maneira de uma dança dos mortos. Ou mesmo um delirante cortejo fúnebre.

10 e 12 de junho
Quarteto Prazak